terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Efeito em cadeia


Hoje tive uma proposta audaz.
Se há lugar no Mundo onde irei antes que os meus dias, enquanto ser físico, sucumbam será ao Tibete. Quero poder sentar-me no topo do Mundo, no local mais alto, quer física, quer espiritualmente.
Várias vezes me imagino a entrar num templo Budista, como aqueles que vemos na televisão, com portas grandes, um grande hall, com estatuas de um lado e de outro e com um grande Buda, mesmo em frente à porta a dar-nos as boas vindas. Panos e mais panos aconchegam este hall, onde o cheiro a incenso se faz sentir…que nos aquece.
Lá dentro, tudo é quente, talvez porque o gelo domine a meteorologia lá fora, e por o lado inverso desse mesmo frio seja o quente que se sente dentro deste Templo. Sentimo-nos quentes, porque até chegar-mos ali, tivemos de passar por inúmeras privações, perigos, jornadas “impossíveis”, que nos deram a conhecer um outro Eu, um Eu que estava bem escondido lá no fundo e que ali, tão longe de onde nascemos e crescemos, ele acorda, talvez por se sentir em casa. E ao entrarmos nesse meu\nosso templo sabemos o porquê de estarmos ali.
Desculpem estar a viajar assim, sem lá estar, mas é assim que gosto de começar uma viajem, pensado e sentindo-a.

Obrigado por me teres posto a viajar por esse espaço….e por lá nos veremos, certo?

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Uma casa de banho um pouco mais útil


Em pé, em frente ao espelho, numa casa de banho no aeroporto de Madrid. É assim que me encontro, preso entre um voo que nunca mais chega, e um que veio mais cedo. Cada uma a seu tempo, penso eu.
Depois de me ter sido recusada (duas vezes!) o embarque num voo de regresso mais cedo, decidi vir pôr o portátil a carregar e deixar os dedos escorregarem por entre as teclas…

Sinto-me cansado. Duas horas, de algo parecido com dormir, num avião, não são nada proveitosas. Dói me as costas, os rins, o pescoço, enfim, tudo!
Quero me sentar e tentar comer qualquer coisa. Uma sandes, um bolo…algo mais ibérico do que os “English Breakfast”, ou as pastas inventadas em 2minutos, os pratos soberbos do Jonh. Quero saborear o regresso a casa.
Tempo é coisa que não me falta.
Deixem me que vos dê um conselho…não usem botas semi-novas numa viajem…não tenho os pés no melhor estado.

Acabo por ir comer no unico sitio onde a minha carteira chega...Mc Donnalds!

Bolas, detesto o sabor deste "hamburguer"...ao menos janto em condições...

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Heathrow, onde um sonho ganha forma


Sentado na Smoking area do aeroporto de Heathrow, apercebo-me que, de facto, estou destinado a viajar.
No entanto, não será esta constante epopeia, um sonho partilhado por uma grande maioria da população mundial? Talvez por ser uma actividade que todos (ou quase todos) associamos a férias, um período onde deixamos em casa todos os dilemas, todas as preocupações, todas as tormentas, seguindo um único objectivo: relaxar. Numa praia, na neve, a fazer trekking, não interessa. Apenas queremos descansar.

Eu, no entanto, não me encaixo nesse lote. Cada saída de casa é uma nova aventura onde mergulho e de onde tento retirar ensinamentos de uma vida…vida esta construída por estes e por todos os pequenos fragmentos de realidade que os sentidos conseguem capturar e, sobretudo, por aquilo que a alma absorve.
Não consigo estar parado num local sem querer de lá sair. Não gosto de criar raízes, isso é certo e sabido. Mas porquê? Terei eu medo de me prender a uma pessoa ou a um lugar? Às pessoas não será…ou se calhar é mesmo delas que eu fujo. Se calhar, antes de avançar para as pessoas, precise de conhecer melhor o lugar onde vivo. O Mundo! Sim, porque me sinto cada vez mais um cidadão do Mundo. Não me parece que esta resposta ao meu medo de criar raízes seja valida, mas, por agora, é a ele que eu me quero agarrar, mas não com muita garra, porque sei que mais cedo ou mais tarde, irei ter a resposta do porquê de querer ir pela selva africana adentro, para chegar a uma praia paradisíaca onde uns quantos nativos vivem em comunidade, ou por subir a Machu Pitcho, onde uma grande civilização antes reinou, sentir a nostalgia de um porto mediterrânico, outrora habitado por grandes e opulentas caravelas e hoje esquecido no tempo e no espaço. Não sei do que fujo nem por que procuro.
Este sim, o verdadeiro dilema da minha existência.

Quero poder andar quilómetros e quilómetros a observar simplesmente a natureza, de sentir o quão pequenos nos sentimos quando estamos perante a derradeira criação que o Homem tanto quer destruir. Palmilhar todos os cantos deste nosso planeta, puder tocar, acariciar, cheirar, saborear tudo aquilo que este Mundo tem para oferecer.

Sei que esse momento chegará, mais cedo ou mais tarde, basta aguardar por ele.

E cá ficarei, pacientemente, aguardando.